A Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, de Gouveia promoveu, na noite da passada sexta-feira, dia 27 de Janeiro, a primeira edição do ‘Chá das Letras’, uma iniciativa que irá ter lugar mensalmente e que pretende pôr as pessoas a falar de e sobre livros, ao mesmo tempo que se saboreia um chá ou degusta um bolinho caseiro.
O muito frio que se fez sentir naquela noite desaconselhava os gouveenses a saírem de casa, ainda assim cerca de duas dezenas de pessoas aceitaram o repto lançado pela Biblioteca gouveense e marcaram presença na iniciativa. Catarina Santos, técnica superiora da Biblioteca e mentora do ‘Chá das Letras’ fez a apresentação da iniciativa, salientando o carácter informal da mesma e a intenção de, na última sexta-feira de cada mês, pôr as pessoas a falar sobre livros e outras manifestações artísticas. “Cada um traz as suas propostas para que depois tenhamos aqui uma troca de conhecimentos sobre autores e literatura”, sugeriu. Quebradas as resistências iniciais, próprias das primeiras edições de qualquer iniciativa, a conversa acabou por fluir em torno de livros como os intemporais ‘Maias’, a mais recente obra de José Luís Peixoto, ‘Cemitério de Pianos’, ou o eventualmente menos conhecido ‘Fernando Valle, um Aristocrata de Esquerda’, da autoria de Fernando Madaíl sobre o conhecido médico e fundador do PS, que faleceu com 104 anos de idade. Pelo meio, alguém defendeu que “há leitores, não há leitor”, enquanto outro interveniente questionou se “um livro traduzido dá um livro novo, ou continua ser o mesmo livro”. A esse propósito falou-se também dos “bons livros que dão maus filmes e vice-versa”. Os direitos de autor, a chamada literatura light que tem em Margarida Rebelo Pinto o seu expoente máximo a nível nacional, e a forma como se fala de literatura nas escolas foram outras das questões abordadas numa conversa acompanhada com chá e bolinhos, e onde também houve tempo para falar de cinema, musica e pintura. Os escritores locais também não foram esquecidos e depois da inevitável referência a Vergílio Ferreira, falou-se de Beldemónio (Eduardo Barros Lobo) - jornalista e escritor nascido em Gouveia a 17 de Dezembro de 1857 e cujo 150.º Aniversário do seu nascimento se comemora este ano - e do seu irmão, menos divulgado, Francisco Barros Lobo, que também escreveu alguns romances e textos para teatro. Sem ‘ordem de trabalhos’ definida o diálogo prosseguiu, deixando muitas pistas para posteriores edições da iniciativa que poderá, ou não, ter futuro, em função da crescente participação do público. Para já foi anunciado que a próxima edição irá ter lugar na noite de 1 de Março e deverá contar com a presença de Jorge Costa Lopes, autor de ‘As Polémicas de Vergílio Ferreira e uma Antipolémica ou Polémica do Silêncio’, obra que lhe valeu o Prémio Revelação de 2005 na categoria de Ensaio Literário, da Associação Portuguesa de Escritores. A sua obra também concorreu ao Prémio Literário Vergílio Ferreira, instituído pelo município de Gouveia." Fontes: texto - Jornal Regional -2-2-007 Imagem: Biblioteca Municipal de Gouveia
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